domingo, 1 de novembro de 2015

DESVENDANDO OS CHAKRAS; PARTE II


Esses centros não são estanques, isolados entre si como pode sugerir a forma como serão abordados e as práticas de yoga e meditação atuam nessa estrutura de forma integrada e sistêmica. A forma como veremos cada um deles é por um lado didática e pelo outro destina-se a mostrar a possibilidade de práticas específicas que, para terem êxito, dependem da orientação de um professor qualificado.

Chakra básico 


Múládhára Chakra, múla significa raiz e adhára suporte.

Conhecido como chakra básico, o muladhára se localiza na base
da coluna, na região do períneo, entre o ânus e o sexo. Sua relação com o corpo denso
se dá através do plexo nervoso coccígeo e das glândulas adrenais. O prana, energia, regido por este chakra cumpre o papel de apana, cuja função é a eliminação, controlando o funcionamento do aparelho excretor. Os meios de ação e de percepção a ele relacionados são a eliminação e o olfato.
Psicologicamente, quando energizado adequadamente, manifesta no indivíduo um sentido de praticidade e capacidade de realização de projetos. Quando mal energizado, as necessidades materiais são negligenciadas. Muito energizado, a pessoa manifesta apego excessivo aos bens materiais e uma incapacidade de admitir a existência de realidades intangíveis. Em ambos os casos, hipo e hiper energização, essa pessoa experimenta uma forte presença da sensação de medo.
Seu elemento é a terra, o estado sólido da manifestação, que aparece na mandala, representado pelo quadrado de cor amarelo ocre. Possui 4 pétalas e seu bíja mantra, mantra semente, é LAM.

Clique aqui para baixar o bija mantra LAM em áudio.

Nesse chakra existe um nó chamado de granthi que amarra o indivíduo ao instinto básico de sobrevivência e que precisa ser afrouxado para o amadurecimento na senda espiritual. É nesse chakra onde também está localizada a kundaliní, a energia em forma de serpente.
Na prática de Yoga, acessamos o fluxo de energia desse chakra com posturas de pé que envolvem uma atenção direcionada ao “enraizamento”, ao contato dos pés com o solo e o uso do múla bandha, contração dos esfíncteres conjugada com a elevação do assoalho pélvico. A meditação nesse centro desenvolve coragem e firmeza.

Chakra sexual

Swadhisthana Chakra, "swa" significa “sua própria” e "adhisthana" significa "sede" ou "morada."

O Swadhisthana, conhecido como chakra sexual, tem como referência de localização no corpo físico, os órgãos genitais e se relaciona com o aspecto denso do corpo através do plexo nervoso do sacro e das glândulas endócrinas sexuais. O prana, energia, regido por este chakra cumpre também o papel de apana, cuja função, no caso, é expelir o sêmen do órgão masculino e na mulher, é impulsionar a saída da criança do útero durante o nascimento e também a função de vyana, controlando a circulação dos líquidos e do metabolismo. O meio de ação relacionado a este chakra é a procriação e o meio de percepção, o paladar.
Corretamente energizado, a pessoa, assim como a água, é capaz de contornar os obstáculos com facilidade devido sua flexibilidade e potência criativa. Quando está mal energizado, o indivíduo se apresenta apático e inseguro. Havendo energia em excesso, se tornam hiperativos, chegando a manifestar certa agressividade em seus modos e tem um desejo sexual fora de controle. Em ambos os casos de desequilíbrio, a insegurança é a base das ações e relações.
Seu elemento é a água, o estado líquido da manifestação, que aparece na mandala, representado pelo círculo de cor branca. Possui 6 pétalas e seu bíja mantra é VAM.

Clique aqui para baixar o bija mantra VAM em áudio.

Na prática de Yoga, acessamos o fluxo de energia desse chakra com posturas de pé que envolvem abertura ou compreensão da região pélvica e a realização de vajroli mudrá, contração dos músculos da parte inferior do abdomen e do sistema urinário. Meditar nesse chakra desperta o potencial criativo e traz segurança emocional.

Manipura chakra

Manipura Chakra, "mani" significa "joia" e "pura" significa "cidade".

A “Cidade das Jóias”, o manipura chakra, se localiza na região lombar na altura do umbigo. Sua relação com o corpo denso se dá através do plexo nervoso epigástrico e do pâncreas. O prana, energia, regido por este chakra cumpre o papel de samana, cuja função é a assimilação, controlando as secreções do sistema digestivo. Os meios de ação e de percepção a ele relacionados são o deslocamento e a visão, respectivamente.
Quando adequadamente energizado, reflete uma auto-estima estável e num sábio uso do poder pessoal. Quando hipo energizado, temos um egocêntrico passivo, à espera que suas necessidades afetivas sejam supridas. Por outro lado, com hiper energização, um egocêntrico ativo que procura ser constantemente o centro das atenções para afirmar seu poder pessoal.
O elemento desse chakra é o fogo, a aspecto luminoso e transmutador da manifestação, que aparece na mandala, representado por um triângulo invertido de cor vermelha. Possui 10 pétalas e seu bíja mantra, mantra semente, é RAM.

Clique aqui para baixar o bija mantra RAM em áudio.

Acessamos o fluxo de energia desse chakra com posturas que ativem a contração da região
abdominal, como flexões e também com a realização do uddiyana bandha. A meditação nesse centro atenua estados emocionais extremados.

Chakra cardíaco


Anáhata Chakra, "anahata" significa "intocável".

Conhecido como Centro Cardíaco, o Anahata se localiza na altura do coração. Sua relação com o corpo denso se dá através do plexo cardíaco e pulmonar e da glândulas endócrina timo. O prana, energia, regido por este chakra cumpre o papel de governar o sistema respiratório e tem por função absorção de energia. Os meios de ação e de percepção a ele relacionados são as mãos e o tato, respectivamente.
Quando bem energizado promove a visão de unidade, das interdependências que circundam a vida e isso se reflete numa noção de identidade mais abrangente. Quando está pouco energizado, a pessoa tende a sentir angústia e falta de confiança nas motivações vindas “do coração”. Quando muito energizado, cria a sensação exagerada de independência e auto-suficiência e os sentimentos ficam encobertos por uma falsa noção de estar sempre tudo ótimo.
Seu elemento é o ar, o estado gasoso da manifestação, que aparece na mandala, representado por uma estrela de seis pontas de cor cinza azulado. Possui 12 pétalas e o bíja mantra do seu elemento, é YAM.

Clique aqui para baixar o bija mantra YAM em áudio.

Na prática de Yoga, acessamos o fluxo de energia desse chakra com posturas que ativam os braços e promovem uma extensão na coluna toráxica. A meditação no centro cardíaco desenvolve a empatia por todos os seres, as relações se tornam puras e faz brotar no coração do praticante uma alegria contagiante.

Chakra laríngeo

Vishuddha Chakra, "vishuddha" significa "pureza".

Criatividade ativar.

Conhecido como Centro Laríngeo, o Vishuddha se localiza na região da garganta. Sua relação com o corpo denso se dá através do plexo nervoso laríngeo e da glândulas endócrina tireoide. O prana, energia, regido por este chakra é o udana e cumpre o papel de auxiliar na produção da fala. Os meios de ação e de percepção a ele relacionados são a fala e a audição, respectivamente.
Quando bem energizado, o indivíduo se expressa com facilidade e manifesta criatividade de diversas formas, além disso a boa energização desse chakra impulsiona a busca pelo autoconhecimento. Quando está pouco energizado, expressar-se se torna uma tarefa difícil levando a pessoa a optar pelo silêncio até em situações indesejáveis. Quando muito energizado, a pessoa tende a falar demais, muitas vezes, sem refletir a adequação do que é dito.
Seu elemento é o espaço, onde tudo o mais está contido, aparece na mandala representado por um bíja mantra do seu elemento, é HAM.
círculo branco. Possui 16 pétalas e o

Clique aqui para baixar o bija mantra HAM em áudio.

Na prática de Yoga, acessamos o fluxo de energia desse chakra com posturas que estendem e comprimem a região da garganta e com jalandhara bandha. A meditação nesse centro desperta a visão intuitiva e desenvolve a capacidade de se expressar intelectual, emocional e artisticamente.

Chakra frontal


Ájña Chakra, "ájña" significa "comando".

ájña chakra yoga. Conhecido como centro de comando e também como triveni (confluência de três rios, no caso, correntes de energia), o ájña chakra se localiza na região entre as sobrancelhas. Sua relação com o corpo denso se dá através do plexo nervoso cavernoso e da glândulas endócrina hipófise. Como seu nome indica, este centro rege todos as formas de atuação do prana. E coordena todos os meios de ação e de percepção.
Quando bem energizado promove uma visão clara capaz de discernir a verdade da ilusão. Pouco energizado, a pessoa tende a compreender segundo o que lhe é conveniente, interpretando indevidamente as informações. Muito energizado, o individuo assume uma personalidade exageradamente intelectualizada e calculista.
Seu elemento é o avyakta ou maha tattva, uma “nuvem” na qual se encontram todos os outros elementos em essência, aparece na mandala, representado por um círculo dourado. Possui 2 pétalas e seu bija mantra é OM.

Clique aqui para baixar o mantra OM em áudio.

Na prática de Yoga, acessamos o fluxo de energia desse chakra com posturas meditativas e uma técnica de fixação ocular chamada de bhrúmadhya drishti, olhar direcionado ao intercílio. A meditação nesse centro desenvolve a intuição e uma profundidade de entendimento a respeito do mundo e de si mesmo.




Chakra coronário 

Sahasrara Chakra, seu nome significa “o [lótus] de mil pétalas”.

Chakra que colocar no caminho da iluminação. Também conhecido como Niralambapuri, morada sem apoio e no ocidente como Centro Superior ou Trans-pessoal, o “de mil pétalas” se localiza na topo da cabeça. Sua relação com o corpo denso se dá através da glândula endócrina pineal. É a base do Ser em todos
os níveis e ainda assim, desvinculado deles.
Devido a isso, não há elementos associados a esse chakra. Possui 1000 pétalas nas quais se repetem as cinquenta letras do alfabeto sâsncrito.
Ele é o ponto de encontro simbólico de Shiva e Shakti, da “pura consciência” com os planos palpáveis da criação. Esse encontro ocorre por intermédio do prana, da energia, que nesse contexto é chamada de Kundaliní.
A Shiva Samhitá, um dos principais tratados de hatha yoga, diz que este centro é a residência do Cisne, símbolo do discernimento supremo. E que o yogi que se concentra nesse chakra vê desaparecer todo o sofrimento. Libera-se da identificação com a limitação; é onde a Kundaliní se dissolve e então a criação se reabsorve na perspectiva da suprema realidade.
Para aprofundar o mergulho nesse oceano de conhecimento, recomendo as seguintes leituras:

"Chakras: Energy Centers of Transformation do Harish Johari"

"Os segredos do Tantra e do Yoga do prof° Paulo Murilo Rosas"

"Tattva Bodha de Shankacharya traduzido pela profª Gloria Arieira"

"Asana Pranayama Mudra Bandha do Swami Satyananda Saraswati."

Veja também a nossa primeira matéria sobre "DESVENDANDO OS CHAKRAS." Clique aqui.

Muita paz e muita Luz.

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